7.10.12


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Rascunhos de Diva com Janice Diniz

Ideias

“Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe.”

Caio Fernando Abreu

O Rascunhos de Diva é uma coluna em parceria com escritores parceiros do ID e que tem como finalidade abordar alguns pensamentos, reflexões e questões femininas em forma de pequenos textos. E nesta semana estaremos com a autora de Terra Ardente, Janice Diniz. Obrigada pelo carinho, querida! <3

Queridos leitores, aproveitem! *-*

Recebi o convite da Mirela para escrever um texto para o Inteiramente Diva. Fiquei feliz em poder escrever diretamente para os leitores, sem me utilizar dos personagens para isso.

As pessoas me perguntam bastante sobre a decisão de ter escolhido ser escritora. Na verdade, a pergunta é mais direta: Você sempre quis ser escritora? Tento responder o mais breve possível sobre um processo que levou décadas para se formar e se estabelecer. Porque antes de me tornar escritora, eu tinha de me tornar mulher. Eu precisava viver para ter a minha própria leitura de mundo, né? Com todo mundo é assim. A gente vive experiências boas e ruins e depois decide como seguir em frente e o que fazer com aquilo, com o material de vida adquirido.

Eu optei por transformar a realidade em ficção.

Para início de conversa, não existe chamado, revelação, insight ou epifania. Descobrir-se escritora é sempre ao acaso, mais como uma consequência de uma compulsão. Aliás, duas compulsões, a de ler e a de escrever. Lembro uma tarde, na biblioteca do meu bairro, em que flexionei os joelhos e me pus a catar com os olhos e as pontas dos dedos o livro que queria muito ler mas ainda não havia sido escrito. Apesar de que quase todos que eu havia lido também quisera tê-los escrito.

O que faz então a gente escrever? A dor, a necessidade de se expressar, a solidão, a curiosidade, a não aceitação da realidade, a ingênua vontade de ser Deus, o medo, a falta de alguém que não se sabe quem, o amor, a sedução. Seduzir quem lê o filminho maluco que roda dentro da nossa mente dia e noite e quase faz com que acabemos debaixo de um ônibus.

Aprender a separar os dois universos, o real e o ficcional, é uma tarefa que parece simples e primária, básica até.

Antes de tudo, aos 15 anos, pedi de aniversário uma máquina de escrever. Nessa época, eu lia romances de banca, trocava dois por um na banca de um velhinho. Lia tanto Júlia, Sabrina, Bianca que nem pagava mais, já era só à base da troca. Devorava-os dois, três por dia. Passava por crises de abstinência, quando o dono da banca ficava com o seu estoque reduzido. EU QUERIA VIVER DENTRO DAQUELES LIVROS AQUELA VIDA. E, para mim, era um vício que não fazia mal, porque era acompanhado por frutas, verduras e vitaminas. Essa literatura cor de rosa não me impediu de estudar Filosofia ou ler Thecov, Herman Hesse, Machado de Assis ou outro medalhão.

Voar nunca nos impede de pensar.

Em 2000, ganhei uma camiseta GG, fruto do meu primeiro trabalho como escritora. Vivia no Mato Grosso (a inspiração para Terra Ardente), recém-separada, datilografando em uma máquina de escrever antiga cuja tecla “S” estava quebrada. E isso machucava o meu dedo ao apertar direto no ferro ao ponto de sangrar. O concurso da Nova Cultural era: “Escreva a sua história de amor”. A real, a da vida real. Em duas horas escrevi a minha. E ganhei uma camiseta enorme. O prêmio maior estava estampado na frente da camiseta em letras grandes e bordadas: Sabrina.

O pessoal da editora nunca soube que a história de amor que enviei era inventada. Quando o amor não acontece da maneira como imaginamos, você sofre ou você inventa.

Como sou mais criativa...

Tornei-me escritora de histórias de amor.

Este texto foi carinhosamente escrito para esta coluna.

Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal. Seja original e crie! ;D

Confiram: Blog da Série Matarana - Romance Country | Fan Page de Terra Ardente

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