Título: Alexandra Salomé – A Rainha dos Judeus
Autora: Carolina Portoliveira
Editora: Baraúna
Ano: 2011
Páginas: 584
Onde comprar? Livraria Cultura |Buscapé
Sinopse: Alexandra Salomé é uma narrativa real, cujos fatos são romanceados de forma vibrante, com sucessivas aventuras. Salomé é uma adolescente judia de Maressa, uma pacata aldeia ao sul da Palestina, que, quando da chegada do pai de uma de suas muitas viagens, vê a vida se transformar de forma radical: a menina, que vivia numa torre tranquila da Fortaleza de Maressa, torna-se mulher no agitado palácio dos asmoneus, em Jerusalém. Obrigada a esquecer seus sonhos românticos e a se submeter a seu marido, um velho tirano, a jovem se fortalece sem tornar-se indiferente ao sofrimento de seu povo e, mesmo sob uma cultura religiosa, que desvaloriza a mulher, consegue se impor, enfim realizando seus sonhos e vivendo um grande amor. Salomé torna-se uma grande rainha da história judaica, comparável à grande Cleópatra: seus feitos superam os da rainha Ester, deixando sua marca não só em Jerusalém, como também em toda a Palestina. Uma história imperdível, para aqueles que gostam de grandes histórias.
Sempre tive especial fascínio quando fatos históricos são romanceados, já que a capacidade do autor tem que ser enorme, ao alinhavar acontecimentos reais e ficcionar características de seres humanos comuns à grandes heróis e criaturas que se tornaram memoráveis por seus feitos. Fico imaginando o tempo e empenho na pesquisa, do quanto é possível sobre a vida e os gostos, sobre costumes e pessoas próximas e o tornar disso tudo em um romance forte e coerente. Esse mérito precisa ser apreciado e também precisa ser feito com todo o cuidado, porque a possibilidade de cair no fosso do erro é enorme.
Salomé é uma jovem judia com ímpeto de conquistar e fazer a diferença, mas também grande devoção e amor à Torah. Seu pai – Abiazar Setac – é um grande guerreiro do Rei Hircano, governante da Judéia muito amado e que é devotado ao seu povo. Quando retorna, dos muitos anos em que serviu aos judeus na guerra, Abiazar traz a noticia de que Salomé foi agraciada com a “dádiva” de se tornar esposa do príncipe dos judeus.
Uma mulher que obedece as Leis da Torah no primeiro século A.C. não pode nem mesmo opinar sobre algo em sua própria casa sem a autorização do marido, quanto mais aprender a ler e se instruir. Apesar disso, Salomé conseguiu aprender o básico e depois foi autorizada por seu amoroso pai a estudar com seus irmãos. Assim cresceu esperta e vivaz, consciente das grandes diferenças entre homens e mulheres.
“ – E se eu nao gostar do meu marido?– Não compete a nós gostar ou não, a mulher tem de aprender a gostar de seu marido e respeitá-lo. A mulher casada pertence ao seu marido. Sua vontade e seu corpo serão dele. Seu corpo foi feito apra ter filhos para seu marido. Seja sábia e aprenderá a ser feliz. Deus ensinará a você.”
O Rei Hircano teve 5 filhos, mas profetizou que seus dois filhos mais velhos [Aristóbulo e Antígono] não reinariam mais do que um ano. Ao ser entregue em casamento, Salomé teve a sua vida transformada de forma drástica, ela se torna esposa do odioso Aristóbulo e acompanha todas as desgraças que se abalam Jerusalém. A rainha viveu para ver a profecia de seu sogro se cumprir. Aí começa a sucessão de sangue, lutas e desgraças de um povo que vai estar presente por todo o livro.
Geralmente, quando lemos livros históricos que contam sobre a vida de mulheres fortes em uma sociedade castradora, esse relato mostra as lutas e a forma com que, impetuosamente, a heroína vence a sociedade/marido/wathever machista que lhe impõem limitações. Mas na historia de Salomé acontece quase o oposto, a autora fala muito de fé e do poder da submissão às leis, sem que isso signifique se conformar com desmandos. Me revoltei em diversas vezes ao ver essa forte mulher e RAINHA não fazer nada ao ver seu povo sendo dizimado pelos desmandos do rei. Além disso, o soberano a humilhando e desprezando... mesmo ela sendo sua maior aliada e precisando desesperadamente dela.
Nas leis dos judeus diz que a mulher viúva tem que ser recebida pela família e o filho mais próximo deve a tomar como esposa, para não deixa-la abandonada à própria sorte. Assim, Salomé tem que ver reis sendo sucedidos e se submeter a isso, dobrando os joelhos e pedindo ao deus dos judeus que oriente os homens a encontrar a paz para o reino. Mas esse não seria o grande livro da vida de Salomé se ela não tivesse sido uma rainha vitoriosa [afinal, só quem vence a guerra é que conta a história]. Durante as muitas guerras, ela é que ficou responsável por reinar Jerusalém e conter os religiosos e o povo na sua ira contra as insanidades do rei, na sua ânsia pelo poder e domínio de terras.
O livro algumas vezes se torna cansativo, mas essa parece ser uma característica ~mais ou menos~ comum aos livros longos. Em alguns pontos fiquei esgotada de tanta desgraça e querendo que alguém ~qualquer um dos lados~ fosse feliz nessa história. Não aguentava mais ler sobre sangue e traição, mas convenhamos que nas cortes o que mais existiu foi conspiração e maldade ~segundo os históricos~.
Então qual o meu prazer em saber que esse livro é nacional? ENORME, GIGANTESCO. Com todos os “mas”, e por desejar que Salomé quebrasse umas cadeiras de quando em vez, ainda assim amei o livro. Recomendo para quem gosta/ama livros históricos interessantes.
A edição da Editora Baraúna nesse livro é um capricho só, gente *.* A letra tem excelente tamanho, folhas amarelas que diminuem o cansaço de um ~longo~ livro, e detalhes lindos agradaram de tudo. Encontrei alguns erros de revisão, como palavras repetidas e pontuação deficiente, mas nada que realmente prejudique leitura.
Oi Lilian!
ResponderExcluirEu também gosto de histórias com fatos romanceados (já leu Ramsés? Gostei bastante desse).
Não sei se leria esse porque não tenho tanto interesse em saber mais sobre essa pessoa. Acho que eu também ia me irritar com as partes machistas...
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Oiiii :D
ResponderExcluirConcordo plenamente com o que você disse no primeiro parágrafo! Deve ser muito difícil mesmo, exige muito conhecimento O.O Eu teria medo de escrever alguma coisa absurda, mesmo que haja a mistura entre ficção e realidade é preciso manter a coerência.
Quando você diz que na história de Salomé acontece quase o oposto do que geralmente vemos em livros históricos fiquei totalmente surpresa! Não sei se essa é a Salomé que eu estou pensando (da bíblia... e se for não conheço bem sua história), mas pensei que com alguma astúcia/esperteza (?) ela enfrentaria a situação e seria vitoriosa sem tantos sofrimentos assim (pelo visto foram muitos O.O).
Se eu entendi direito, ela era obrigada a aceitar como marido o irmão mais próximo de seu falecido esposo certo? O Rei teve 5 filhos, os 2 citados morreram.. então quantos maridos ela teve? Coitadinha -.- Se casar sem amor uma vez é ruim, imagine mais de uma (isso já basta para ser horrível)!
Livros grandes são realmente cansativos, mas é tão bom terminá-los, poder ter a visão do todo, é uma satisfação e um orgulho ^.^ Independente dos "mas", eu gostaria de ler o livro! Você conseguiu despertar o meu interesse, só espero que não tenha ais sofrimentos do que eu possa suportar, pois se for como Belle eu não consigo (e olha que eu nem li nada, só imagino T.T).
Adorei saber que o livro é Nacional e que a edição merece elogios. Ultimamente tenho reparado um pouco mais nos erros de edição, mas normalmente deixo-os passar em nome da leitura no geral... mas são tão incômodos, principalmente pontuação (um caso grave) :(
Excelente resenha, como sempre!
Até a próxima? Você esqueceu de dizer rsrs
Bjs!!!
Olá Lilian,
ResponderExcluirNão conhecia esse livro e nem a autora, gostei da sinopse e a sua resenhe me deixou curioso, só não gostei muito da capa.....parabéns pela resenha....abçs.
http://devoradordeletras.blogspot.com.br/
Eu adoro livros que retratam fatos históricos Lilian, ainda mais quando isso é feito de forma tão intensa a ponto de você querer mudar o rumo do personagem, como aconteceu aqui com você. Com certeza é uma honra pra todos nós quando vemos que é um livro nacional.
ResponderExcluirComo falaram acima, o único mal de alguns livros nacionais tem sido a revisão, fico feliz em saber que essa edição é boa, nosso autores merecem esse carinho.
Beijos
www.leitoraincomum.com
Acho que vou gostar muito de ler, além de gostar de história também sou judia e realmente a sociedade da época era muito machista. Mas não nos enganemos, a de hoje ainda o é... :( Mas enfim, a capa está um primor, linda mesmo.
ResponderExcluirBjs
Roberta
Visite e siga também: http://umamamaeemapuros.blogspot.com.br/
Olá Lilian! :D
ResponderExcluirNós da equipe do "Quatro Amigas e um Livro Viajante" marcamos seu blog numa TAG chamada "11 coisas". São onze perguntas que seu blog deve responder e marcar mais outros onze para participar dessa brincadeira super legal. Dê uma passada no link abaixo e responda nossas perguntas, vai ser muito divertido ;)
Beijos!
http://www.quatroamigaseumlivroviajante.blogspot.com.br/2013/05/tag-11-coisas.html#more
Olá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom,
ResponderExcluirli algumas coisas folhe-ei algumas postagens,
gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha.
Deixo-lhe a minha bênção.
E que haja muita felicidade e saúde em sua vida e em toda a sua casa.
PS. Se desejar seguir o meu blog,Peregrino E Servo, fique á vontade, eu vou retribuir.
Não conhecia esse livro, mas confesso que não me atraí pela sinopse, flor...
ResponderExcluirA resenha está completíssima, mas o fato de vc achar algumas partes mais cansativas já me faz crer que com certeza não é pra mim rs
Bjs,
Kel
www.itcultura.com.br