14.10.12


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Rascunhos de Diva com Christine M.

Rascunhos de Diva

“… amor será dar de presente um ao outro a própria solidão? Pois é a coisa mais última que se pode dar de si.”

Clarice Lispector

O Rascunhos de Diva é uma coluna em parceria com escritores parceiros do ID e que tem como finalidade abordar alguns pensamentos, reflexões e questões femininas em forma de pequenos textos. E nesta semana estaremos com a autora de Sob a Luz dos Seus Olhos e Meus Melhores Rascunhos, Christine M.. Obrigada pelo carinho, querida! <3

Queridos leitores, aproveitem! *-*

Mais mal do que bem.

Todas as vezes que ele saía batendo a porta e acelerando o carro, ela enviava mensagens, telefonava initerruptamente e ficava tensa até ele responder de alguma maneira. Nas inúmeras vezes em que discutiam, ela sempre tinha uma lista interminável de palavras apaziguadoras e chorosas. Ela sempre tinha como objetivo fazer tudo ficar bem, fazer com que ele voltasse a se sentir bem ao lado dela. Tentar fingir ser forte aquele frágil amor.

As imagens boas costumavam invadir seu pensamento transformando suas lembranças em uma versão mal contada de sua própria vida. Sentia seu corpo pedir a presença dele sem notar que aquilo era um boicote químico ao seu juízo. Por toda essa confusão que era ele na vida dela, dentro dela, é que ela o procurava e tentava desesperadamente remendar os buracos daquela relação alucinante, alucinada.

No entanto, naquele dia, decidiu calar. Pela primeira vez silenciou e isso não fora uma estratégia ou uma artimanha. Ela simplesmente estava oca de palavras, oca de lágrimas e de medo em perdê-lo. Ele, já acostumado a lhe virar as costas, dessa vez parou no meio do caminho notando o surpreendente silêncio, a inesperada ausência de lamúrias. Faltou-lhe a energia necessária para lhe alimentar o ego, o egoísmo.

Os dois ficaram se encarando daquele jeito revelador, como se fossem dois estranhos que mostraram demais de si ao outro. Daquele jeito assustado, despreparado e condenado. Susto por finalmente ver ou susto por ter passado tanto tempo de olhos fechados. Enquanto ele a olhava com expressão de dúvida e postura descrente, ela se dá conta de que não há bem suficiente para apagar o mal. Não há sorrisos suficientes para apagar lágrimas de descaso. Nenhuma palavra os livraria da verdade que pairava entre eles: desamor.

Como é que a gente aprende a abrir mão da parte feliz para não ter mais que viver as tristes? Quando é que a gente pesa tudo o que vive e se dá conta de que a dor pesa tanto a ponto de não valer mais a pena?

Eu não sei, mas ela soube. E num suspiro, se levantou, se encaminhou à porta e a abriu. Permitiu que ele saísse e levasse consigo os beijos, os suspiros e os sonhos. Deixou que levasse sua espera, sua angústia e solidão a dois. A porta fechou e uma lágrima caiu. A última dela, a única dele.

Christine M.

Professora, "escrevedora", pensante.

Este texto foi carinhosamente escrito para esta coluna.

Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal. Seja original e crie! ;D

Confira: Site da Autora

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